segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

novos contornos para o corpo

QUESTIONAMENTOS (início de janeiro de 2020): 

. Como vivemos a cidade?

. Por que vivemos em cidades?

. Quais as formas possíveis de vida nesse mundo?

. O que esse espaço nos propõe?

. Como sentimos o espaço em nosso corpo?

. Como respiramos?

. O que vemos?

. Como escutamos?


PROPÓSITO (de vida?)

Sensibilizar a percepção pela escuta, pela visão, pelo odor, pelo tato, pelo movimento

Repensar minha experiência enquanto pessoa urbanizada, repensar (ou ressignificar) minha maneira de habitar o espaço-tempo

Ressignificar relações de consumo, ocupação, valores.


CAMINHOS

Corpo-território: o único lugar, verdadeiramente meu, é o corpo, ainda que como mulher essa seja uma meia-verdade, uma vez que, na sociedade em que vivo, a mulher não tem autonomia sobre seu próprio corpo. O corpo é o lugar que habito como ser no mundo. O corpo é a terra, é da mesma constituição da terra, é mineral (antroposofia). O corpo sem vida degenera, se decompõe, vira terra. O corpo primordial não precisa da cidade, da propriedade, do industrial.

O corpo por ele mesmo, recuperar o corpo como território, como espaço pessoal,ORGÂNICO, como lugar de conhecimento, de saber, a essência do corpo.

Reconhecer as muitas opressões e os muitos condicionamentos aos quais o corpo está submetido. Escutar o básico e primordial do corpo.

O corpo no espaço acolhedor, como o percebo? O que acesso e como posso ampliar minha sensibilidade corporal ou corpórea?

Cartografias do corpo.


CORPO E ESPAÇO URBANIZADO:

Após uma limpeza inicial de sentidos, como esse corpo se desloca e percebe o espaço urbanizado? (aqui limpeza, pensando em Schafer, limpeza dos ouvidos, retirada dos excessos de informações que os sentidos recebem na cidade)

Detectar os filtros que crio para poder habitar este espaço de hiper-estimulação. 

O que me bloqueia?

O que me seduz?

O que me repele?


CORPO E CONSUMO:

Camadas não corpóreas que utilizo para camuflar ou transformar o corpo a fim de encontrar consolo, conforto, segurança e proteção.


sábado, 18 de janeiro de 2020

diários de uma escutadora #01

São Paulo, janeiro de 2020 - 




Encontro com a cidade, depois de um distanciamento de espaço e tempo de aproximadamente nove meses. A chegada foi em dezembro, o que considero um mês de resiliência e resistência. Não foi fácil o deslocamento, porque muito de mim continua lá, na América Latina do hemisfério norte - México. Foi um período de nove meses de intenso trabalho com o som e com a voz, de intenso trabalho de escuta, de mim, dos espaços que percorri, das pessoas que conheci.


Percebo o mundo muito através da escuta. Isso é necessário para minha expressão. Meu material é o som, a voz, o corpo. As pesquisas em voz, e principalmente a Escola do Desvendar da Voz, foram as primeiras que deflagraram em minha escuta uma maneira de perceber o mundo. Através da vibração do ar, das membranas do corpo (cordas vocais, tímpanos), da pele. O canto precisa da escuta. Escutar a voz me ensinou a escutar o ar ao meu redor, e conhecer uma pele do som, que amplia meu corpo no espaço. Uma pele porosa, permeável, mas ao mesmo tempo uma borda, uma membrana, um limite. Compreendo que minha voz sai do meu corpo rumo ao espaço que ocupo, para todas as direções, pois seu movimento faz todo o ar vibrar. Ao mesmo tempo, qualquer som ao meu redor ressoa também em mim, em meu corpo, vindo de diversas direções e ocupando meus arredores, ainda que não possa vê-los.


Viajei com voz e escuta, coração e ideias. Aberta e vulnerável, mulher sozinha viajando, mulher sozinha no México, mulher sozinha de noite na rua, no transporte público. Lugares que conhecia de ir uma vez, lugares novos, tudo muito mais novo do que conhecido. Trago na bagagem, horas e horas de gravações de deambulações pelas ruas, principalmente da Cidade do México. É notória a presença de muitas buzinas, sons de veículos, em algumas cidades com praças o canto dos pássaros ao cair da tarde (ensurdecedor), sinos e os muitos pregões urbanos, “voces callejeras”, sons que nos convidam todo o tempo a olhar, a passar, a nos relacionar. Ouvir o novo me ensinou novas maneiras de escutar. Essa mudança causou em mim uma abertura para como eu compreendo minha escuta, bem como para o que ela me ensina. 


Cantar o caminho:


Por dois meses eu repetia um mesmo trajeto a pé, na Cidade do México, toda quarta-feira, no mesmo horário, saindo da casa onde vivia para o espaço onde compartilhava minhas oficinas de voz e percussão corporal. Certo dia decidi cantar meu caminho, e fiz a seguinte proposta a mim mesma: o canto, ou os sons que eu emitia, deveriam ser totalmente contagiados pela paisagem sonora que me atravessasse e penetrasse. Assim, a tonalidade e inflexão das vozes, o ritmo das buzinas, os cantos callejeros, sons de veículos (ônibus e motos), tudo o que eu percebesse enfim, seriam potenciais deformadores e/ou transformadores do meu canto/som/voz.


Nesse dia, lamentei não ter um gravador. Nesse dia também agradeci não ter o gravador. Guardo na memória a experiência de uma escuta vívida, criativa, atenta, aberta e curiosa. Uma escuta ampla, omnidirecional, disponível. Nesse dia, a paisagem sonora fez outro sentido para mim. Foi como se os sons mais interessantes tivessem acontecido somente naquela ocasião, apenas e pelo simples e complexo fato de eu escolher cantar meu caminho dessa maneira.


Alguns dias depois, uns amigos me contaram de um tipo de exercício de improvisação, chamado improvisação psíquica. Nesse exercício, tudo o que você improvisa está apenas em sua cabeça, você escuta e interage com os sons, mas não manifesta sua interação no ar. A improvisação é puramente psíquica, sonora para dentro, silenciosa para fora. Somei essa prática às minhas derivas, e saí nas ruas da CDMX gravando e improvisando silenciosamente. De fato, a incrível sensação de frescor da escuta, que havia experimentado antes, se renovou. Repeti essa experiência algumas vezes, gravando e não gravando. A escuta me fez querer andar mais, viver os locais que visitei e habitei de outras maneiras, deambular, sem rumo ou propósito, apenas pelo prazer da escuta.


Agora, aqui, com essas novas maneiras, novas perguntas, venho escutando São Paulo. Primeiro de tudo, tenho um estranhamento e uma curiosa saudade… a CDMX, grande, complexa e louca, carrega em seus espaços aéreos e urbanos uma instigante mescla de sons de um mundo industrial, mecanizado, motorizado e bruto ao mesmo tempo que preserva cantos e pregões, vozes quase ancestrais que ecoam desde os antigos mercados de rua, um quê artesanal. Essa São Paulo que ouço, hoje me parece abafar suas vozes. Será que minha escuta mudou? Arrisco dizer que sim.


CDMX abr 2019 - primeiro contato com a cidade, impactada com sua visualidade e paisagem sonora


CDMX jul 2019 - Idéias para uma improvisação psíquica: como soa essa imagem?


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Oficinas Voz e Criatividade no SESC Campo Limpo

Já começou a série de oficinas continuadas de Voz e Criatividade no SESC Campo Limpo em São Paulo. As oficinas acontecem às terças-feiras, das 19h30 às 21h, e vão até o final de novembro. Para essa série, vou trabalhar essencialmente com improvisação e música corporal e vocal, com o objetivo de despertar a criatividade, a expressividade e a musicalidade dos participantes. O curso é sequencial, mas está aberto a novos integrantes constantemente. Toda música é bem vinda, e inclusão e acolhimento são ouro.
Venham conhecer!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

no soundcloud

abrimos um espaço no soundcloud!
visitem-nos por lá, estamos colocando os áudios das oficinas e concertos que temos realizado recentemente
https://soundcloud.com/vozes-sinergicas

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Guatemala, prazer em conhecer

durante esse período em que estamos na Guatemala para o ciclo de oficinas de voz e criatividade e construção de instrumentos, muito estamos aprendendo e conhecendo
hoje nos deteve a obra e o pensamento de um grande músico deste país, Joaquin Orellana.

sua obra nos foi apresentada por conta dos Utiles Sonoros que constrói. mas para além disso, seu pensamento sobre música nos é bastante contemporâneo

seus instrumentos estão em um studio no sótão do teatro nacional da Guatemala, espero que possamos ver e conhecer esse músico ainda nesta viagem

seguem alguns videos e links

www.joaquinorellana.org






sábado, 17 de janeiro de 2015

itinerário da gira pedagógica!

aqui, o itinerário completo da gira pedagógica que estamos realizando na Guatemala
já fizemos duas oficinas na capital, cada uma com mais de 40 participantes, foi bastante emocionante, uma experiência muito forte para nós dois.
neste domingo partimos para Chiquimula, onde faremos mais duas oficinas, mas antes passaremos por Copán, em Honduras.
em breve, postaremos os videos e fotos!
obrigada a todos que estão participando e ajudando-nos a realizar essa viagem, especialmente à Ethel Batres, que nos recebeu e organizou todo esse movimento, através do Programa Viva La Música e do Fladem Guatemala. Contamos ainda com o aval do Ministério da Educação da Guatemala, apoiando a realização das oficinas. Nossa viagem também foi possível com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil, através do Fundo Nacional de Cultura